Exemplos de aplicações de logística reversa

O conceito de logística reversa é simples: consiste no retorno de um produto ou parte dele para a empresa ou fábrica. Na prática, o processo pode ser feito pelo próprio consumidor. Por esse e outros motivos, a indústria passou a se interessar pelo tema por diversos benefícios. Veja alguns:

  • Aumentar os lucros da empresa;
  • Economizar com os gastos de matérias-primas;
  • Usar a redução de gastos a favor da produção de novos produtos;
  • Melhorar a imagem corporativa da organização para o mercado e os compradores.

Nesse último tópico, uma outra vantagem é envolvida: a sustentabilidade. Ao implementar a logística reversa na organização, a qual você faz parte, é possível reduzir a quantidade de lixo jogado de forma errada no meio ambiente.

Ou seja, colocar a logística reversa em prática pode ser bastante desafiador, mas os benefícios são muitos. Vamos explorar neste artigo algumas oportunidades que existem em logística reversa? Continue a leitura!

Quando a logística reversa pode acontecer?

Existem basicamente duas situações desse tipo de logística: pós-consumo e pós-venda.

Pós-consumo

Refere-se ao retorno de mercadorias que já foram consumidas, ou de parte delas. Por exemplo, embalagens, ou que o prazo de validade está vencido.

Pós-venda

Consiste em produtos que não foram usados, mas que o consumidor não tem interesse mais em adquirir. Lembrando que a lei garante o direito de devolução em até 7 dias tanto para mercadorias adquiridas pela internet quanto por telefone pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), de acordo com a lei nº Lei 8078/90, artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor. Vale destacar que, para este caso, o cliente não precisa justificar o motivo da recusa para a empresa.

Exemplos de logística reversa

E-commerce

Como o Procon permite que os consumidores desistam da compra em até 7 dias, passou a ser necessário colocar a logística reversa em prática no e-commerce. Veja como funciona:

  • A mercadoria pode ser coletada no local, com hora marcada ou não;
  • É possível criar pontos de entrega;
  • Comunicar os endereços de entrega ao público.

Quem está inserido neste segmento precisa ter uma grande atenção na volta do produto para os centros de distribuição ou fábricas no tempo certo. Afinal, o produto deverá ser revendido a outro cliente e cada dia significa perda de dinheiro.

Pneus

É muito importante que o descarte de pneus seja feito nos lugares adequados, com responsabilidade. Caso contrário, eles podem causar problemas de saúde pública. Um exemplo disso são as epidemias de dengue que ocorrem em todo o país.

De acordo com a Resolução nº 416/09 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), os fabricantes e importadores de pneus novos, com peso unitário superior a 2 kgs, precisam coletar e dar destinação adequada aos pneus sem utilidade existentes no território nacional.

Como exemplo de empresa que pratica a logística reversa de pneus temos a Bridgestone, que recolhe os pneus que não servem mais para uso e destina a uma empresa que os picota e utiliza os fragmentos na fabricação de pisos ou borracha de vedação.

Baterias automotivas e pilhas

O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) entende que o descarte de baterias automotivas é uma questão pública, por isso, formulou a Resolução nº 401/2008. O objetivo dessa norma é reduzir os impactos negativos causados ao meio ambiente pelo descarte inadequado de pilhas e baterias.

A Resolução diz que os fabricantes ou importadores dos produtos de baterias automotivas e pilhas deverão:

  • Promover a formação e capacitação dos profissionais que atuam no recolhimento dessas mercadorias, como os catadores de resíduos.
  • Ensiná-los sobre os processos de logística reversa, além da destinação ambientalmente adequada.

Eletroeletrônicos

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) enxerga a logística reversa como um instrumento para a aplicação dessa responsabilidade, em relação ao ciclo de vida dos produtos.

Com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, inscrita sob a lei nº 12.305/10, ficou instituído que a responsabilidade da gestão do lixo deve ser compartilhada entre:

  • Fabricantes;
  • Importadores;
  • Distribuidores;
  • Comerciantes;
  • Cidadãos.

Os fabricantes e importadores são responsáveis pela destinação dos produtos e suas embalagens. Já os comerciantes e distribuidores deverão efetuar a devolução aos fabricantes ou aos importadores.

O setor é bastante promissor, mas existem muitos desafios a serem superados no país e no mundo. De acordo com o site da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, em 2017, o mundo já tinha 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico – um dado bastante representativo, sendo que o setor ainda é mal explorado.

Óleos lubrificantes

Décio Oddone, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), acredita que o país se tornará autossuficiente em petróleo, conforme matéria da revista Época Negócios.

Apesar desse cenário positivo para o futuro, a quantidade extraída da produção de petróleo ainda não é suficiente para atender à demanda do país.

É por isso que é necessário importar óleos lubrificantes. O material pode ser reaproveitado se for refinado. O processo é muito vantajoso para o meio ambiente como para redução de custos, já que não há necessidade de importar-lo novamente.

A Resolução nº 362/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) regulamenta o descarte de óleos lubrificantes de maneira responsável. A norma diz que qualquer óleo lubrificante usado ou contaminado deverá ser recolhido, coletado e ter destinação final, de modo que não afete negativamente o meio ambiente.

Lâmpadas fluorescentes

As lâmpadas fluorescentes apresentam algumas substâncias que podem ser perigosas para o meio ambiente e para a saúde pública, assim como o mercúrio. Apesar disso, o descarte desse produto no país é bastante preocupante.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), 250 milhões de lâmpadas fluorescentes são produzidas no Brasil por ano e apenas 5% delas são recicladas.

Como a situação é delicada, foi criado um acordo setorial a fim de implantar o Sistema de Logística Reversa de Lâmpadas Fluorescentes de Vapor de Sódio e Mercúrio e de Luz Mista. A norma foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), em 2015. O documento diz que o ciclo de vida dessas mercadorias é de responsabilidade de todos os envolvidos no processo.

Cada um possui tarefas específicas no processo, segundo o acordo setorial. Os fabricantes e importadores, por exemplo, devem dar destinação final ambientalmente adequada a todas as lâmpadas descartadas. Agora, os distribuidores e comerciantes precisam receber as lâmpadas que precisam ser desfeitas e armazená-las temporariamente de forma ambientalmente adequada.

Por fim, os geradores domiciliares serão responsáveis por acondicionar as lâmpadas e separá-las de outros resíduos sólidos. Essa ação assegura a integridade do material, além de entregá-las nos pontos de entrega.

Outras iniciativas

Algumas outras empresas, mesmo não tendo obrigação de estruturar uma operação de logística reversa, o fazem porque entendem que podem diminuir seus custos e colaborar no tema de sustentabilidade.

Veja um exemplo: algumas empresas de telefonia e de eletrônicos que oferecem descontos na compra de novos para os consumidores que entregarem seus aparelhos usados.

Há também empresas de cosméticos com iniciativas parecidas: o cliente traz as embalagens vazias dos produtos que usou e ganha um brinde ou desconto em novos. Após o retorno da mercadoria pelo consumidor, a empresa trata de dar o melhor fim, seja reaproveitando ou reciclando para produzir novos tipos de produtos.

No segmento de transportes, temos o exemplo da Renault, que reaproveita peças usadas para a fabricação de novas. Assim, a organização consegue diminuir custos com matéria-prima. Além de ter espaço para ofertar um preço muito melhor aos seus clientes.

Conclusão

Como visto, a logística reversa é uma excelente oportunidade para muitos negócios. Existem muitas organizações se destacando por esse posicionamento, mas ainda há muito espaço para crescer com esse processo. Para isso, lembre-se:

  • Entenda bem o seu mercado;
  • Esteja junto com o seu cliente;
  • Veja possibilidades de reaproveitamento do seu produto, parte dele ou das embalagens.

Dica: A logística reversa pode ser o diferencial competitivo que você estava procurando.

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